Pai nosso que estás no céu, santificado seja o vosso nome… Porque Jesus nos ensinaria a orar dessa forma se o nome de Deus, para os que creem, já é mais que santo. É santíssimo ou Santo dos Santos para os mais adentrados na Bíblia?
De certo é um contra-senso pedir ao Pai que o nome do Pai seja santificado. Sim, porque só Deus é capaz de santificar algo. Pedir para ele mesmo santificar o seu nome que já é mas que santo… dá certa confusão mental se pensado dessa forma.
Mas Jesus não estava pedindo para que o Pai santificasse o seu nome nos céus, onde já é mais que santo. Jesus pedia que santificasse ele na terra, onde muitos usam o nome de Deus nas mais tenebrosas ações. Ele intercede pedindo que o nome santo seja santo em toda a terra, até em lugares que jamais sonharam com o Deus judaico-cristão.
E porque Jesus ensinara isso aos seus próprios discípulos? Não tinham eles, como judeus, o nome de Deus em santíssimo lugar? Não existia, no templo, um lugar chamado “Santo dos Santos” onde a presença de Deus era tão grande que ao adentrar, o sacerdote tinha que ir amarrado em uma corda, pois só o sacerdote podia entrar e se estivesse em pecado caria fulminado ao chão e teria que ser puxado pela corda?
A quem afinal referia-se Jesus ao proferir essas palavras?
Falava, conosco. Falava com os pecadores que nas melhores intenções usamos o nome de Deus em vão. Falava do pastor que trai a esposa, do o padre que violenta sexualmente as inocentes criancinhas, falava dos traficantes evangélicos, das “santas”cruzadas em nome de Deus, da inquisição. Enfim, falava para todos os que de alguma forma viessem a vincular esse divino nome com atos torpes, em nada divinos. Falava do mundo secular.
Na matéria que falei sobre a rejeição de Bolsonaro mostrei que o grupo social onde ele mantém aprovação relativamente alta e rejeição baixa é o grupo dos evangélicos. Mas como pode um povo que já passou por tantas guerras, tantos sofrimentos, que já foi tão humilhado passar a ter conluio com uma pessoa como Bolsonaro que, diga-se de passagem, só se batizou (no batismo evangélico) por questão de números?
Bolsonaro, chama palavrão, deseja a morte de seus inimigos políticos, é violento (principalmente com mulheres), mente, ETC. E nisso ele tem foro privilegiado, pois os evangélicos continuam apoiando esse presidente, ao passo que uma pessoa comum, ao chamar um palavrão é disciplinado pela igreja evangélica, nos casos que exibi mais acima uma pessoa qualquer seria expulsa da igreja. Pena que essa tolerância não se extende para os homossexuais. Hoje a igreja não é hospital das almas e sim palanque para bolsonaristas.
Conheço muito evangélicos que não são nenhum pouco a favor do Bozo, mas ao mesmo tempo os números mostram que os evangélicos ainda apoiam Bolsonaro, que diz abertamente que sua especialidade é matar. Que não estupraria certa colega de trabalho porque ela não merecia. Como os evangélicos podem ouvir isso e ficar bem com Deus? Ah, mas ele mudou. Está mostrando para todo mundo que não mudou nem um pouco e ainda ter, repito, uma boa avaliação desse sujeito?
Mas como tudo na vida: isso tem uma explicação:
Primeiro é importante ressaltar que até duas décadas atrás tínhamos igrejas pentecostais, Presbiterianas, Batistas, enfim. Um leque um pouco reduzido de nomenclaturas de igrejas. Neste interim muitos foram buscar trazer o protestantismo dos EUA, que é totalmente oposto ao que tínhamos até aquele momento no Brasil. Isso porque quem fundou os Estados Unidos foram os puritanos fugidos da Inglaterra. Os puritanos são um grupo de evangélicos calvinistas. Para quem não sabe: os calvinistas acreditam na predestinação e na prosperidade como forma de desmontar a sua salvação. Se deus me salvou ele me abençoa e por isso ser rico é uma prova material da salvação.
Não vou entrar aqui no mérito se este pensamento está certo ou errado. Mas o fato é que nessas ultimas décadas o Brasil todo se encheu das chamadas igrejas neopentecostais, de origem puritana dos Estados Unidos. Nesta lista de lideres de igrejas neste modelo (embora algumas não admitam isso publicamente) temos Silas Malafaia, Edir Macedo, RR Soares e Valdemiro Santiago, que sozinhos arrastam multidões.
Até ai nenhum problema, todos podem viver a fé que acreditam. Porém nas ultimas eleições essas autoridade e outras menores passavam de igreja em igreja e o assunto não erra a salvação, mas sim induzir seus fieis a votarem em Bolsonaro. Estava de volta o voto de cabresto. Na minha opinião de postestante culto é culto, palanque é palanque.
Depois comecei a ver esse papo anticomunista em igrejas pequenas também. A guerra fria já passou e ainda vivemos nessa dicotomia entre capitalistas e comunistas…
Como é cobrado do PT em qualquer entrevista: quando os evangélicos vão fazer essa autocrítica?
O que você acha dessa situação dos evangélicos hoje em dia?
Será que se o nascimento de Jesus fosse hoje, daqui a algum tempo não seriam os protestantes os primeiros a matá-lo?
Bisu-Bisu, à demain!
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